Era uma vez
Um mundo em que só existem ilusões. A verdade é ausente.
Nesse mundo, os nascidos morrem duas vezes. Uma antes de nascer, e outra, depois.
Não se conhece o que vem antes. Apenas se sente.
Há uma avenida de pensamentos.
Essa avenida se chama éter.
É possível observar o éter enquanto se medita.
Enquanto não se medita, o éter continua presente, mas não é observável.
O éter não pede licença.
O éter é um convidado intruso.
O éter não obedece a ninguém.
Por vezes, aleatório.
Outras vezes, sarcástico.
Maleável. Mas resistente.
Sutil. Mas indelicado.
Imprevisível. Mas nem sempre surpreendente.
Indomável. E livre.
Seríamos versões físicas do éter?
Ou apenas canais?
O prazer é a ausência da dor?
Ou a dor é a ausência de prazer?
Felicidade não é prazer.
Dor é tristeza?
As respostas exigem perguntas.
Perguntas precisam de respostas?
Sentido indica uma direção.
Se algo não tem sentido, então não tem direção?
A direção que indica o sentido?
Direção indica espaço.
Que indica tempo.
Tempo é o espaço acontecendo.
Se algo não tem direção, então não pode se mover pelo espaço.
Se não se pode se mover, então não estará sujeito ao tempo.
Algo sem sentido e sem direção, portanto, estará fadado a não se mover?